Novo Urbanismo

“...Alguns prezam por novas cidades e comunidades planejadas na

periferia. Uns focam em mudanças pequenas, outros em grandes, e

outros prezam por planos de longo prazo e de curto prazo. Alguns se

atentam por tudo isso”...

Todas as sociedades industriais modernas são fortemente urbanizadas. No momento mais caótico em meados do século XX houve uma grande necessidade de reorganização, buscando controlar e organizar o crescimento desordenado das cidades, surgindo o urbanismo moderno. As chaves do urbanismo moderno encontram-se em 04 (quatro) funções a serem tratadas especificadamente: a habitação, o trabalho, o lazer e o transporte e o principal erro desse novo modelo foi justamente a segregação dessas 4 funções.

Essa péssima mania que o ser humano tem de querer separar tudo e todos e ainda combinado com o sistema capitalista acarretou como principal consequência às desigualdades socioeconômicas e consequentemente os diversos problemas das cidades contemporâneas. 

Em consequência disso na década de 60 surgem às primeiras teorias contra o urbanismo moderno. Entre elas podemos citar o “new urbanismo”, modelo urbanístico surgido nos Estados Unidos criticando justamente essa falta combinação de funções a dependência do automóvel, ocupação dispersa, entre outros.

Mediante uma cidade mais compacta e mista, os projetos almejam diminuir os gastos de energia despendidos na mobilidade urbana, favorecendo os encontros de pessoas e o chamado senso de comunidade, como forma de contrapor, na esfera dos planos e projetos, ao modelo de desenvolvimento horizontal dos subúrbios. O new urbanismo nada mais é do que um aspecto aglutinador de diferentes ideias, entre as distintas correntes urbanísticas nos Estados Unidos, ele não inventou ideias, e sim observou exemplos anteriores, buscando o melhor de cada corrente.

Foi a partir desse modelo que a cidade universitária Pedra Branca se inspirou e iniciou seu partido geral. O projeto esta localizado na Palhoça, no estado de Santa Catarina atraindo o interesse do poder publico local e de empresas nacionais e internacionais, inclusive recendo um importante premio de arquitetura internacional. (XI Bienal de Arquitetura Moderna de Buenos Aires). O empreendimento abrange os 10 princípios do urbanismo moderno: variedade de moradias, áreas verdes, quadras pequenas, prédios verdes, uso misto, além de abrigar algumas indústrias de tecnologia de grande porte e algumas áreas comerciais e educacionais importantes como a UNISUL (Universidade do Sul de Santa Catarina).

O projeto atual da administração concentra-se na futura edificação de um setor central dentro do empreendimento, idealizado nos princípios do new urbanism. Para os empreendedores, esse modelo não só embasaria a construção do setor central, como também responderia às perspectivas de auto-suficiência do loteamento. Ao constituí-lo, a administração visualiza erigir a área que trará centralidade e urbanidade a um conjunto de áreas residenciais, a fim de polarizarem-se os encontros, fomentar a integração dos moradores e, principalmente, fazer com que se estruture uma célula independente dentro de Palhoça.

Atualmente a tendência das pessoas é de migrar das metrópoles (grandes cidades) para pequenas e médias cidades. Esse fato pode ser comprovado na inauguração do balneário de Seaside, na Flórida. Uma nova proposta de planejamento urbano, levando em consideração à importância das comunidades e o retorno às cidades pequenas, densas e compactas. Andrés Duany e Elizabeth Zyberk, responsáveis pela edificação de Seaside, realizaram projetos de desenvolvimento de comunidade tradicionais, os chamados TND’s.

Eles influenciaram as futuras obras nos EUA, já que atualmente a maioria delas são constituídas de TND’s. Esse modelo retoma novamente viabilizar rotas menores aos pedestres e o uso combinado do sistema viário com zoneamento misto.

“A verdade é que as dinâmicas urbanas são complexas demais para serem analisadas apenas na relação entre distribuição de residência e empregos. Em particular, o que o new urbanism faz é reforçar um mecanismo que induz, no decorrer do tempo, à restrição de fluxos cotidianos longos, tornando-os os menores possíveis.”

...” Por fim, vale destacar o princípio que trata da sustentabilidade e da alta performance do ambiente construído, um componente que tem atraído as atenções do grupo de empreendedores antes mesmo da incorporação do new urbanism. Dessa forma, todos os prédios levantados no setor central passarão a incorporar estratégias de menor impacto ambiental, o que implicará em técnicas arquitetônicas de orientação, uso da ventilação, iluminação natural, forma de utilização dos recursos hídricos, consideração de propriedades térmicas de componentes como janela, parede e coberturas, dentre outras”...

Comparo a arquitetura e o Urbanismo com a evolução humana, uma vez que transitória ela esta sempre se adaptando ao futuro próximo, buscando a perfeição. O ser humano assim como a arquitetura sempre buscou se adaptar ao seu meio da melhor forma possível. O que era verdade no passado não nos remete hoje. Essa transição que estamos vivenciando nos dias atuais nos traz angustia medo do amanha... Porém ao mesmo tempo nos faz repensar nas soluções previstas até então. Não podemos mais fugir do novo, é fato que o new urbanism vem ganhando espaço na academia e no campo profissional, sua aplicação no empreendimento Pedra Branca não deixa de ser um forte indicativo de como esse movimento vem adquirindo amplitude. Entretanto é uma ingenuidade ver a pedra branca isoladamente fora do contexto que ela esta inserida.

“ Uma mente aberta e visionária é uma arquitetura brilhante.”